quarta-feira, 25 de março de 2009

História da África

HISTÓRIA DA ÁFRICA

(prof. Juliano Marques)



Capitulo I - A África Pré-Lusitana


1.1 Geografia

Vamos observar o mapa abaixo e pensar um pouco na África com base em alguns dados. O continente africano é o segundo mais populoso, só ficando atrás da Ásia, e o terceiro continente mais extenso, perde apenas para a Ásia e para a América. Tem cerca de 30 milhões de km2, cobrindo 20,3% da área total da terra firme do planeta, e mais de 800 milhões de habitantes em 54 paises, representando cerca de um sétimo da população do mundo.


Depois desses dados e da analise do mapa, e possível concluir que no continente africano viveram, e ainda vivem, centenas de povos, com línguas, costumes e religiões diferentes entre si, pois sempre que se fala da África, nos vem à mente não um continente repleto de culturas distintas, mas sim uma região pobre, famosa por epidemias e guerras civis, condenada ao subdesenvolvimento e suas mazelas como as altas taxas de mortalidade infantil e a AIDS, mas nem sempre foi assim.



1.2 - A Pré-História

Para começar, a África e considerada, pela maioria dos estudiosos, o "berço da humanidade". Foi nesse território que, há cerca de cinco milhões de anos, foram encontrados os primeiros fosseis de hominídeos.


De acordo com pesquisas mais recentes foi no continente africano que surgiram os primeiros antepassados de nossa espécie (homo-sapiens), como os Australopithecus e os Pithencanthropus, mas ainda não há um consenso quanto ao aparecimento do Homo-Sapiens. Alguns especialistas acreditam que o mesmo surgiu na Ásia ou na Europa e não na África.


Achado na Etiópia em 1974, conhecido popularmente como "Lucy", é o fóssil de hominídeo mais antigo até hoje encontrado. Teria vivido na região há aproximadamente 3,2 milhões de anos.



1.3 - O Inicio da História

No deserto do atual Estado da Líbia encontram-se gravações em rochas do período Neolítico, que se comprovam que moraram na região tribos de caçadores e coletores, que se desenvolveram nas savanas secas desta região provavelmente durante a ultima glaciação. No atual deserto do Saara, ao que tudo indica, ocorreram os primeiros processos de sedentarização e, consequentemente, também foi um dos primeiros locais onde se praticou a agricultura. Outros achados arqueológicos do Saara demonstraram que, depois do processo de desertificação do Saara, as populações do Norte da África passaram a concentrar-se no vale do rio Nilo, formando os "nomos". Esses povos ainda não conheciam a escrita e, por volta de 6000 a.C., conseguiram desenvolver uma agricultura de regadio, dando origem a uma das mais celebres e estudadas civilizações da historia da humanidade, o Egito Antigo.


Sem contar a civilização egípcia, já muito estudada e que, portanto não será apreciada em nosso conteúdo, existiram importantes povos e ate mesmo civilizações na África. Este continente foi habitado por comerciantes, ferreiros, ourives, guerreiros, reis e rainhas. As sociedades africanas pré-coloniais desenvolviam suas atividades econômicas de sobrevivência de acordo com o meio ambiente em que viviam, de suas necessidades espirituais e materiais. Existiam povos nômades, que precisavam se deslocar periodicamente, e sedentários que, delimitando seus territórios, chegaram a construir grandes reinos, desenvolvendo atividades econômicas produtivas, tanto de bens de consumo como de bens de prestigio, em que se destacam várias artes de escultura e metalurgia.


Os africanos desenvolveram varias formas de governo altamente complexas, algumas baseadas na genealogia, clãs ou linhagem, outras em processos iniciáticos e também por chefias. Algumas grandes chefias, consideradas Estados tradicionais, são conhecidas desde o século IV, como por exemplo, a primeira dinastia de Gana, mesmo assim, posteriores a grandes civilizações, cuja existência pode ser verificada pela arte, como a cerâmica de No, atual Nigéria, datada do século V a.C. ao século II da Era Cristã.


Dentre os primeiros povos que se desenvolveram na África, podemos destacar os berberes e os bantos. Os primeiros eram nômades que viviam em caravanas no deserto do Saara e, para fazerem do comercio de objetos de ouro e cobre, sal, artesanato, temperos, vidros, plumas e pedras preciosas, eram capazes de enfrentar as piores adversidades, como tempestades de areia e ate a falta de água do deserto. Utilizando o camelo como principal meio de locomoção, levavam e traziam informações e aspectos culturais de todas as partes do continente e esse fato foi de extrema importância para a troca cultural que ocorreu no norte do continente.


Os segundos, os bantos, habitavam o noroeste da África, onde hoje se encontram os atuais estados da Nigéria, Mali, Mauritânia e Camarões. Diferentemente do berberes, eram agricultores e faziam da pesca e da caca atividades suplementares. Dominavam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este povo na conquista dos povos vizinhos, possibilitando-lhe formar um grande reino, que abrangia grande parte do noroeste do continente, o reino do Congo.


Posteriormente, durante a Idade Media européia, os impérios de Gana e Mali, na África Ocidental, e reinos da África central e oriental, como os de Luba e Lunda, se chocaram entre os séculos XVI e XIX, sendo considerados semelhantes aos Estados de modelo monárquico ou imperial. Outros Estados centralizados marcam relações de longa data com o exterior, como o reino do Congo.


Não podemos nos esquecer da penetração árabe muçulmana no território africano a partir do século VII, enquanto os primeiros contatos dos europeus com os africanos foram estabelecidos a partir do século XV. E tais contatos foram de viajantes e mercenários, do lado ocidental, e chefias bem estruturadas, do lado africano, resultando, em alguns casos, e durante alguns séculos, num comercio ativo, dada a forca de grandes Estados tradicionais em solo africano, como por exemplo, o Estados de Gana, Male e Songai, relação bem distinta daquela estabelecida na época colonial, que a bem da verdade só acabou no século XX.

"Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro" (Is 45:22a)